O ballet de Cour, do Renascimento, foi se transformando em um espetáculo eminentemente dançado, realizado num cenário por bailarinos profissionais para uma platéia de espectadores que pagavam uma entrada, criando o gênero balé como o conhecemos hoje.
Após passar por períodos de florescimento e decadência, apresenta na atualidade um panorama bastante eclético oferecendo diferentes possibilidades de manifestação, de intérpretes e de criadores.
Noverre (1727-1810) colocou o balé como arte teatral despojada de maneirismos e em busca da naturalidade, no conceito de imitação da natureza. Depois Viganó (1769-1821) criou o que ele mesmo denominou coreodrama, com maior expressão da emotividade e da plasticidade dos grupos, com relações pictóricas entre o conjunto e os solistas, restringindo ao mínimo os solos e duos.
Contrariando os princípios realistas de Noverre e Viganó, surge o romantismo, em que nada é natural, uma negação da realidade, na qual se exalta a mulher, como representação do inacessível, imagem do ideal sonhado pelo homem, que está disposto a sacrificar sua vida por esse ideal. Todo esse romantismo do balé apóia-se em Maria Taglioni, estreiando La Silphide, obra de seu pai, Philippe Taglioni, que impôs como representação da dançarina clássica a imagem de uma mulher etérea, casta, envolta em véus brancos (o branco era o furor da época), coroada de flores, despojada de jóias cintilantes e sustentando-se sobre a ponta de um só pé, como se lhe custasse tomar contato com a terra. A dança masculina desaparece da cena e o dançarino tem como função à de porteur, literalmente carregador.
O público de balé começa a ser a classe média, e depois de Taglioni aparece Perrot, criador de Giselle, estreada em junho de 1841 no Theâtre de L’Academie Royale de Musique, hoje Ópera de Paris. Blasis (1797-1878) fixa definitivamente a dança acadêmica, coroando sua obra com um código técnico para a dança clássica – o Código de Terpsícore. Marius Petipa (1822-1910) cria os balés que chegam até nossos dias em sua primeira forma, com as variantes inevitáveis que provém de uma permanente retransmissão baseada exclusivamente na memória dos intérpretes e dos reencenadores.
Os dançarinos concentram-se apenas nos virtuosismos acrobáticos, deixando a arte em segundo plano. Manzotti (1835-1950) enche os teatros europeus com produções em que o espetacular substitui o refinado e os valores quantitativos substituem os qualitativos; suas obras Excelsior e Sport, mais próximas ao music-hall eram crônicas celebratórias das façanhas da época.
Sérgio de Diaghilev (1827-1929) invade a cena com a vitalidade de uma nova escola, feita de empréstimos das escolas italiana e francesa, em que dançarinos de assombroso vigor levantarão novamente o estandarte da dança masculina com obras de sabor exótico, primitivo e de chocante vanguarda. Diaghilev implanta o conceito de balé como unidade artística; produto do esforço de coreógrafos, compositores, cenógrafos e libretistas.
O clássico então entra na etapa moderna conduzido por coreógrafos como Michel Fokine (1880-1942) e Vaslav Nijinsky (1869-1950), o primeiro influenciado por Isadora Duncan e o segundo por Jacques Dalcroze. A partir do êxito dos Ballets Russes apresentados pela primeira vez em Paris em 1909, começará a fusão de estilos.
Balanchine e Lifar apelam para as posições paralelas incorporadas ao vocabulário da técnica clássica; o neoclassicismo introduz liberdade nas formas, e progressivamente os coreógrafos utilizam as fórmulas da dança contemporânea. Maurice Bejart (1927-2007) e Roland Petit agregam um espetáculo dançado.
Os princípios do balé continuam sendo hoje os mesmos que em sua aristocrática origem: harmonia, simetria, equilíbrio, elegância, leveza, graciosidade, hierarquias absolutas dentro da companhia, semelhança de movimento nos conjuntos, preferência pelos deslocamentos frontais, não-utilização do espaço como elemento expressivo, profissionalismo e grande domínio do físico.
Nomes do Ballet
GEORGE BALANCHINE
MICHEL FOKINE
Nomes do Ballet
GEORGE BALANCHINE
MICHEL FOKINE
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